Valor reconhecido na Igreja

O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo é um sacramental a que a tradição da Igreja tem dado grande importância. O valor reconhecido ao Escapulário de Nossa Senhora do Carmo deve-se à força que ele imprime na vida cristã do crente que, com uma fé esclarecida, o usa com verdadeira e profunda devoção e amor à Virgem Maria como modelo e guia para seguir o Evangelho da alegria de Jesus Cristo.

Uma peça de vestuário

Na sua origem histórica, o Escapulário, foi, e continua a ser uma peça do Hábito de monges e monjas de muitas Ordens religiosas. Era usado durante o trabalho sobreposto sobre o Hábito para o proteger, como uma espécie de avental de trabalho. No entanto, com o passar do tempo, esta peça adquiriu um valor simbólico da própria espiritualidade e estilo de vida.

A partir da Idade Média, quando começaram a surgir a associação de pessoas leigas às Ordens religiosas (as chamadas Ordens Terceiras, hoje designadas por Ordens Seculares), o sinal de pertença à respectiva família religiosa era uma peça do Hábito da Ordem, como por exemplo, a capa, o cordão, o Escapulário. No Carmelo, este sinal é o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.

No Carmelo, Nossa Senhora e o Escapulário são inseparáveis!

No Carmelo, Nossa Senhora e o Escapulário são inseparáveis!
O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo condensa, em todo o seu simbolismo, a espiritualidade carmelitana que adora e professa a fé pura no Deus verdadeiro (a quem o profeta Elias, Pai espiritual de todos os carmelitas, orou para que Se manifestasse diante dos ídolos de Baal) e que se revelou plenamente em Cristo Jesus, Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem, nascido da Virgem Maria.
A tradição cristã desde cedo associou Nossa Senhora, àquela pequena nuvem que se levantou do mar, como resposta do Céu, à oração de Elias, para que acabasse a grande seca em Israel, pois tal como da nuvem veio à terra a chuva tão desejada, assim também, por Maria veio o Salvador à nossa Humanidade.
Maria, a Virgem da escuta da Palavra de Deus, a Esposa do Espírito Santo, aceitou ser a Mãe do puro Amor encarnado em Jesus, aceitou ser a Mãe da Humanidade e de cada um de nós. Perfeitamente dócil ao plano divino da Santíssima Trindade, deixando que nela se cumprisse em plenitude o desejo de Deus-Amor, Maria foi a mais excelsa criatura a partir da sua própria humanidade: uma jovem judia que vivia a Fé de Israel, a Fé no Deus próximo – o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob – na Esperança que Ele cumprisse as suas promessas de Amor, estendendo a Sua misericórdia por todas as gerações, a sua e as futuras. Esta compreensão da pessoa da Virgem Maria, a Mãe do Verbo de Deus, tão excelsa em dons espirituais como na sua humanidade, foi entendida e muito amada pelos primeiros eremitas do Monte Carmelo, que viam Maria como sua Irmã na Fé! De facto, esta foi a primeira designação da Ordem: Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo! Esta Irmã, a mais bela Flor deste Místico Monte, o  mais belo de Israel – também chamado de Jardim de Deus ou Vinha de Israel – era a mais perfeita Mestra no seguimento de Jesus Cristo e cujas virtudes, com a graça de Deus, eram para imitar. Maria era assim amada, como o modelo perfeito do carmelita; e ainda hoje assim é!
Conta a história, que esta excelsa Irmã e Mãe, que se tornou a Rainha e Formosura do Carmelo, quando a Ordem começou a estender-se pela Europa, os carmelitas atraiam muitas vocações, especialmente jovens universitários, o que, por outro lado, causou grandes perturbações noutros sectores da Igreja que abriram uma guerra surda contra a Ordem. São Simão Stock, então Prior Geral, solicitou em Capítulo Geral que toda a Ordem rezasse instantemente, tal era a gravidade da situação. Ele mesmo não parava de recorrer à Mãe do Carmelo, a quem rezava dia e noite. Esta bondosa Mãe não só o ouviu, como se manifestou de forma extraordinária, aparecendo-lhe e entregando-lhe o Escapulário como sinal da Sua protecção para com os carmelitas e para com todos os que o usassem. Pensa-se que terá acontecido na noite de 15 ou 16 de Julho de 1251. A promessa foi cumprida: a 13 de Janeiro de 1252, o Papa defendeu os carmelitas numa  carta que escreveu aos bispos solicitando a sua solicita colaboração com os Irmãos da Ordem da Virgem do Carmo.

Escapulário: sinal de Amor Maternal de Deus; sinal de protecção; sinal de compromisso

Em resumo, o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo é sinal do Amor de Deus para com toda a humanidade e para com cada ser humano, manifestado na pessoa da Virgem Maria, que sendo Mãe do Verbo de Deus, permitiu a manifestação do Amor de Deus em fazer-se Carne, fazer-se um de nós, para nos elevar à participação na Sua vida divina; e, sendo Mãe de Jesus, Este no-la deu como nossa Mãe ao entregá-la ao discípulo amado, que é cada um de nós. Assim, o Escapulário permite concretizar esta pertença à família dos filhos de Deus no estilo de vida concreto dos carmelitas, que vivem o primado da oração como aquela fonte que alimenta toda a vida: a amizade com Deus e com os irmãos, o descanso e o trabalho, enfim, todas as circunstâncias da vida.
O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo é sinal de protecção, pois esta Mãe bendita excede tudo o que podemos desejar ao ser filhos seus: acolhe-nos em todas as horas, escuta as nossas alegrias e as nossas angústias, acompanha-nos quando nos desviamos do caminhos da verdadeira felicidade e sempre nos reconduz para Jesus.
O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo é sinal de compromisso, – é um “Avental” para nos colocarmos ao serviço dos irmãos, – pois contemplando a Virgem Maria e com o seu auxílio aprendemos a responder com Amor ao Amor:
– ensina-nos a orar  e a viver dóceis à acção do Espírito Santo, abertos às vontade de Deus;
– ensina-nos a escutar a Palavra de Deus na Bíblia e nos acontecimentos da vida concreta;
– ensina-nos a pôr em prática o Amor: fazer das obras de misericórdia uma forma contínua e natural do nosso viver!

 

Questões práticas:

  1. O Escapulário é imposto uma só vez na vida. Existem orações próprias para a imposição comunitária ou pessoal do Escapulaŕio. Este acto de imposição do Escapulário deve ser realizado por um sacerdote ou pessoa autorizada.
  2. O Escapulário pode ser substituído – e por razões praticas, é conveniente – por uma medalha em que numa das faces tem a imagem do Sagrado Coração de Jesus e na outra Nossa Senhora do Carmo.
  3. O Escapulário exige o compromisso de viver de acordo com o Evangelho de Jesus Cristo, de receber os sacramentos e de professar uma especial devoção à Santíssima Virgem Maria, recitando todos os dias, pelo menos 3 Avé-Marias.

 

 

            Um sacramental de  Comunhão no Amor de Cristo Senhor

O Escapulário une todos os que usam com fortes laços espirituais que consistem em rezar uns pelos outros, mediante a intercessão de Nossa Senhora do Carmo, para que todos manifestemos, mutuamente e ao mundo inteiro, a nossa fé no encontro com Deus:
no mais intimo do nosso coração,
no corpo místico de Cristo que é a Igreja,
na Sua Palavra e nos sacramentos,e na vida eterna.